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O que Leva a mais Sucesso, a Recompensa ou o Encorajamento?

Um pai de família divulgou recentemente em sua timeline no Facebook o que seria uma “tabela de regras” para o pagamento da mesada de seus dois filhos pequenos. Cada desobediência contaria com um valor a ser pago como penalidade, caso não fosse cumprida pelas crianças. Ao final de cada mês, os valores eram então somados e descontados do valor total da mesada que tinham para receber. A tabela fez enorme sucesso na rede, com defesas tanto por parte de quem achou a ideia genial como medida educativa, como por quem discordou com veemência da atitude, digamos, um tanto autoritária do pai. O post desta semana ajuda a refletir um pouco sobre essa questão sob a ótica da recompensa versus encorajamento das pessoas. O pai dessas crianças, por exemplo, apostou na educação infantil atrelada à ideia da recompensa. Mas, e se optássemos pelo encorajamento, como seria?

Deepak Chopra, físico indiano defensor da medicina alternativa e mais conhecido como “guru” da auto-ajuda no Brasil, nos lembra algo importante. Ele conta que, na psicologia comportamental, uma invenção americana, há duas maneiras de estimular uma resposta em alguém: pela recompensa ou pela punição. Este mecanismo de mão dupla funciona bem com animais dito inferiores, como cães e gatos, portanto, deveria funcionar também com seres humanos, pela lógica (afinal, também somos animais). Se quiser extrair um determinado comportamento de um prisioneiro, por exemplo, os behavioristas aconselham oferecer privilégios como recompensa pela obediência às regras, e a consequente punição pela desobediência à “ordem” estabelecida.

O problema é que o comportamento humano não é tão simples assim, porque temos vidas interiores. Tome por exemplo um cão ou um cavalo; ambos se contentariam com um suprimento constante de comida e um lugar quente para viver. Tais coisas triviais, porém, representam apenas o mínimo para satisfazer nossas necessidades humanas. Há ainda outra dualidade embutida no conceito da recompensa-punição que desempenha um papel enorme na carreira de cada pessoa bem sucedida: o encorajamento x desestímulo.

Ser encorajado significa, literalmente, adquirir coragem, enquanto se desestimular é, basicamente, ceder ao medo. Os soldados precisam de coragem para enfrentar a batalha e, sem ela, não seguirão adiante. Cada pessoa esconde um nível de medo e ansiedade interior e, a fim de enfrentar os desafios e as crises da vida, todos nós temos que descobrir quanta coragem possuímos. Este é um excelente exemplo do por que o conceito de recompensa-punição não é suficiente por si só. Enfrentar o medo interior não é uma experiência agradável a ponto de se considerar uma recompensa por ela – na verdade, está muito mais próximo de ser um castigo. No entanto, a longo prazo, muitas realizações surgem em nosso caminho ao longo da vida apenas se adquirirmos coragem e superarmos o medo.

Essas questões surgem tão cedo quanto na escola primária, onde os professores tradicionalmente oferecem recompensas, como notas altas e elogios pessoais. As desvantagens desta abordagem têm sido notadas nos últimos anos, e se aplicam aos adultos também.

O lado negativo da recompensa como um incentivo implica em:

– Dividir as pessoas em vencedores e perdedores.
– Os perdedores são submotivados.
– Os perdedores se ressentem dos vencedores, levando a uma agressão passiva e à não-cooperação.
– Os vencedores podem se tornar mimados, egóicos e egoístas.
– As ligações entre as pessoas acabam desgastadas, sem um senso de “nós” como comunidade/unidade.
– Recompensas externas não satisfazem em nada nossas necessidades internas, como as baseadas no sentimento de aceitação e de fazer parte do coletivo.
– A competitividade torna-se exagerada, levando a um ciclo vicioso de hostilidade e rivalidade.

Pessoas mais persistentes podem se livrar de tais inconvenientes, e se você acha que o sucesso diz respeito apenas a recompensas externas e ganhos, pode se sentir tentado a fazer o mesmo. Mas o conceito de recompensa-punição é desprovido de valores morais e éticos, uma questão bastante séria quando se trata de resolver os desafios globais – veja, por exemplo, a falta de cooperação internacional sobre a mudança climática, já que cada país rico continua a explorar as recompensas enquanto os países pobres aspiram fazer o mesmo. O resultado é que todos os vencedores vão acabar perdendo se o nosso planeta estiver sufocado.

A dualidade encorajamento x desestímulo tem suas vantagens, embora não venha à mente tão facilmente como ganhar uma recompensa em termos de dinheiro e promoção.

As vantagens do encorajamento como um incentivo:

– Ele desenvolve um forte senso de si mesmo.
– As pessoas se sentem incluídas e aceitas.
– O grupo avança pelo benefício de todos.
– O medo do fracasso é reduzido.
– As pessoas sentem que não estão sozinhas para enfrentar a crise.
– Um forte senso do “eu” diminui a ansiedade.
– Cresce a resiliência em face aos desafios.
– A produtividade do grupo é aumentada.

Essas não são qualidades “simples”. A mentalidade coletiva que se desenvolve entre os soldados em uma guerra envolve tudo nessa lista. Do lado de fora, a batalha parece tão horrível que os não combatentes não percebem o quanto significa para um soldado adquirir coragem e se unir aos demais do grupo. Mas também não estamos propondo aqui uma visão de campo de batalha: vastas áreas da sociedade humana, incluindo toda a região da Ásia, enfatizam o valor de se identificar com um grupo, a fim de alcançar um objetivo (e encantam muitos povos ocidentais por isso).

Por décadas os americanos têm considerado seus caminhos superiores a todos os outros, mas o cenário mudou. A ansiedade sobre o desemprego, o peso da dívida pessoal, a estagnação dos salários, o fosso entre os muito ricos e todos os “outros”, a perda de planos de pensão e benefícios médicos – todos esses fatores aumentaram a ansiedade das pessoas. O único raio de esperança com os problemas globais como o terrorismo e as mudanças climáticas é o de examinar o que é preciso para renovar a coragem nas pessoas. O velho modelo competitivo capitalista não pode fazer isso, seja para indivíduos ou para um planeta inteiro.

É hora de testar o valor de um modelo psicológico que vai além da ideia de recompensa x punição. Olhe para a sua própria vida, como cria seus filhos, como trata os outros adultos, e comece a oferecer o encorajamento. Algumas atitudes simples ajudam muito:

– Estenda a mão para fazer alguém se sentir aceito.
– Ofereça uma perspectiva orientada a objetivos que resolvam um desafio para todos, e não apenas para você (exclusivamente).
– Vincule-se aos outros prestando atenção neles de uma forma pessoal.
– Comece a pensar de maneira inclusiva.
– Faça o que puder para se tornar mais seguro, e em seguida leve isso para outras pessoas.
– Melhore o ambiente de trabalho para todos, não apenas para poucos privilegiados.
– Proporcione dignidade para todos.
– Pense em termos de um futuro compartilhado.

Como uma sociedade, nós nos focamos na inovação, em um alto padrão de vida, no crescimento constante e na realização pessoal como as chaves para um futuro melhor. Mas é evidente que, sem outros valores tão ou mais importantes, o “Eu estou bem” levará a um estado lastimável, porque o “estarmos bem”, foi tristemente negligenciado.

Fonte: LinkedIn Articles

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